sábado, agosto 04, 2012

Moodle: Currículo e Avaliação


Nota: Pessoal tudo o que possui a indicação - MOODLE -  pertence ao novo curso, sendo assim, não tenho conhecimento da plataforma, por isso sugiro que entrem para nosso grupo de estudo na Barra Lateral à esquerda para esclarecimento de dúvidas com os colegas da mesma plataforma.
Atenciosamente
Raquel Maschetti
 
 
 
BIODATA
Rosemeire Rodrigues dos Santos, professora há quinze anos Atualmente, atua como professora na Prefeitura Municipal de São Paulo e é mestranda em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC-SP.
 
1-) Qual é a sua opinião sobre o currículo oficial da escola ?
 
         O currículo oficial da escola está baseado em teorias da educação de bases epistemológicas bem diferentes, o que ocasiona confusão às escolas quanto a sua execução. Como por exemplo, baseia-se no cognitivismo de Piaget e no sócio-interacionismo de Vygostsky. Além disso, o currículo está baseado em “o que ensinar”, num conjunto de prescrições que são muito difíceis de serem realizadas pela complexa diversidade dos contextos escolares, e não “como ensinar” o conjunto de conhecimentos científicos e cotidianos.
 
2-) Quais as formas que você usa para avaliar seus alunos? Cite alguns.
 
         A avaliação é contínua e individual. Não faço avaliação pelo coletivo da sala, mas pela aprendizagem e desenvolvimento de cada aluno. Para avaliação inicial, em Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II, realizo diagnóstico do nível de desempenho dos alunos em leitura e escrita de gêneros do discurso e padrões de escrita. Com base nas informações do nível de desempenho dos alunos, realizo observações sistemáticas das tarefas diversas realizadas pelos alunos e sobre os níveis de participação nas atividades orais, trabalhos individuais e em grupo e exames individuais, uma vez por bimestre, para acompanhamento do avanço ou não da aprendizagem e desenvolvimento. A avaliação deve servir de instrumento condutor do trabalho do professor, para avanço da aprendizagem dos alunos,  e não aferição de sucesso ou fracasso.
 
3-) Quais são os meios que você utiliza para incentivar os alunos que estão com dificuldades no aprendizado?
 
         São várias as estratégias, mas as principais são:
·        Conhecer os alunos em todos os aspectos (cognitivo- afetivo e social).
·        Valorizar e partir dos conhecimentos cotidianos dos alunos;
·        Organizar tarefas que propiciem o protagonismo dos alunos, de forma que possam relacionar os seus sentidos individuais com os conhecimentos científicos  e cotidianos trabalhados na escola.
·        Relacionar os conhecimentos escolarizados com a vida que se vive, para que o conhecimento construído não seja matéria morta, mas faça parte de suas relações sociais.
·        Organizar diferentes modos de participação dos alunos na mesma atividade/tarefa, de forma a não excluir aqueles com dificuldades de aprendizagem ou deficiência intelectual.
·        Avaliar individualmente, para reorganizar o trabalho pedagógico com exatidão,  e intervir de maneira formativa para o avanço no desempenho dos alunos.
 
4-) O que você acha da organização do ensino em ciclos?
 
         Concordo com essa organização, pois ao final de cada ciclo é possível avaliar se as expectativas de aprendizagem foram atingidas e refletir sobre quais ações a escola deve tomar para resolver as lacunas e problemas nas diferentes práticas didáticas.
 
5-) E quanto a progressão continuada, Qual sua opinião ?
 
         É uma questão muito controversa entre os educadores e reproduz o sentido que muitos têm sobre a escola. Muitos educadores acreditam que a escola deve classificar os alunos por nota e selecionar os melhores para o sucesso e os piores para o fracasso. A aprovação ou reprovação, por muito tempo, era o objetivo básico da escola para pais e educadores.
         Pensar em progressão continuada é acreditar numa escola que inclui a todos, mesmo aqueles com dificuldades extremas de aprendizagem e que vivem em condições sociais de vulnerabilidade.  A reprovação demonstrou que a educação não melhorou a sua qualidade em meio século, mas que havia um grande número de pessoas fora da escola e atrasadas em sua escolaridade. Além disso, essa concepção de educação muda a visão e o principal objetivo da escola, que passa a ser voltada ao avanço do ensino-aprendizagem e desenvolvimento do aluno e não definir seu fracasso ou sucesso na vida escolar e na sociedade.
         No entanto, a política de “progressão continuada”, implementada por estados e municípios, nada tem a ver com os princípios defendidos por muitos pesquisadores e educadores. Tem servido para diminuir os custos do Estado com a educação e se apresenta com “aprovação automática”. Uma política de progressão continuada deve vir com um conjunto integrado de ações, o que não tem ocorrido. Essas ações seriam:
·        Acompanhamento de perto dos alunos, em conjunto com suas famílias, que terminaram o ano letivo e estão abaixo do desempenho para a sua série;
·        Número reduzido de alunos por professor;
·        Projetos de Recuperação Paralela que se baseie no nível de desempenho de cada aluno;
·        Aulas no contraturno para alunos com deficiências, com profissionais qualificados;
·        Formação contínua de professores que tenha uma relação direta entre teoria e prática e que esteja centrada em ações coletivas, não individuais, para atuar com alunos em dificuldades extremas e com deficiência.
 
 
 

BIODATA

Rosana Aparecida dos Santos, professora há doze anos na rede pública . Atualmente atua como professora do ensino fundamental.
 
 
6-) O que você acha das avaliações externas? (Prova Brasil). Ela realmente ajuda no processo de desenvolvimento da escola e na avaliação do aluno?
 
         As avaliações externas surgiram como instrumento de avaliação da qualidade da escola e que estas deveriam ser a base para implementação de inovações curriculares, formação inicial e contínua de professores e investimentos financeiros.
         Estas avaliações, no entanto, têm servido para “premiar” escolas e professores que tiveram as melhores notas e avançaram o índice pré-determinado pelo MEC ou secretarias de educação, criando classificações. Isso tem levado as escolas a voltarem suas ações pedagógicas para a prova e não para responder às suas próprias demandas educativas. Outro elemento, que considero uma contradição, é que as escolas que tiveram melhores avaliações são aquelas que recebem maior investimento, o que é um contra-senso, visto que as com pior desempenho deveriam ter uma política de intervenção mais efetiva, inclusive com aumento de recursos financeiros.
 
7-) Você acha que existe diferença no ensino entre uma escola e outra que estão localizadas no mesmo bairro?
 
         Existe diferença, porque cada escola funciona como uma ilha, totalmente isolada, não há relação colaborativa da gestão de uma escola com a outra , para atendimento da mesma comunidade.
 
8-) Quanto aos livros didáticos escolhidos pela escola. Você participa nas escolhas?
 
         Sempre participo das escolhas, no entanto, os livros que vem para nós, quase sempre, são a nossa terceira escolha.
 
9-) Referente a formação continuada de professores, qual é a sua opinião?
 
         A formação continuada de educadores em horário coletivo na escola sempre me pareceu ora extremamente teórica, com foco na transmissão da teoria isolada da prática, ora pautada em práticas rotinizadas, em que a teoria tem papel secundário.
Geralmente, se organiza pela leitura de gêneros do discurso de esfera de divulgação científica ou institucional e as discussões focam-se em questões cotidianas, relatos das experiências vividas nos contextos imediatos, sem reflexão crítica das práticas diárias da sala de aula, nem relação entre teoria e prática, ou apenas para cumprimento burocrático do cronograma.
Isso não se diferencia nos cursos de formação fora da escola, a distância entre teoria e prática são gritantes e se baseiam, assim como o currículo escolar, em “o que ensinar” e não “como ensinar”.
 
10-) Como você define a qualidade do ensino atualmente?
 
         A qualidade da escola, por mais que se diga o contrário, continua a mesma aferida com a publicação dos PCN’s em 1998. Isso só é possível de ser melhorado, com mais e melhor aplicação de investimentos na educação pública. A escola ainda tem se pautado na transmissão de conhecimento, não em produção criativa. É preciso repensar a formação inicial e contínua de professores, para que a escola seja criadora de sentidos e significados e não mera reprodutora.
 

Relatório


·        Avaliação na Organização Curricular: representações e práticas pedagógicas.
·         Avaliação e Padrão de Qualidade
 
 
Conforme a resposta da professora Rosemeire, a progressão continuada não fez com que a educação melhorasse, porém fez com que o número de pessoas fora da escola e atrasadas em sua escolaridade diminuísse. Apesar de muitos acharem que a progressão continuada e para diminuir os custos do Estado com a Educação, ajudou muito os alunos, pois eles não serão avaliados e comparados uns com os outros, considerando se são piores ou melhores e sim, que aprenderam, independente se um tirou uma nota média e o outro a nota máxima. O importante e que aprenderam, cada um no seu tempo.
Por outro lado o Estado tem que considerar a proposta inicial do programa de progressão continuada que é:
O acompanhamento dos alunos junto as famílias, que não existe, pois só há reuniões onde o professor passa para os pais as notas e não falam sobre o desenvolvimento da criança;
Um número reduzidos de alunos por sala , para facilitar ao professor, o processo de ensino - aprendizagem de cada aluno;
Os projetos de recuperação, para aquele aluno que tem mais dificuldade no aprendizado;
E principalmente a formação contínua de professores, para que não fique apenas na teoria.        
As avaliações externas Deveriam servir para que as escolas pudessem avaliar o seu próprio currículo. Infelizmente não e isso que acontece. As escolas e os professores focam suas atividades em cima da avaliação externa, para que possam Ter um bom desempenho e serem premiadas. O pior é que as escolas que tiveram o melhor desempenho, são sempre as que receberam um maior recurso do Estado.
Em vista disso, o Estado deveria avaliar melhor para aonde deve mandar mais recursos, e investir nas escolas no qual o desempenho for menor, para que aqueles alunos também tenham a oportunidade de aprender e desenvolver seus estudos com mais qualidade.
Além disso, deveria existir um programa  para que as escolas pudessem trocar experiências, aquela que teve um bom desempenho passar suas experiências para outra que o desempenho foi menor. E a que teve um desempenho menor passar o seu projeto pedagógico, para que possa ser analisado e identificado aonde deve ser feito as mudanças. 
 
 
Colaboração da Colega Ana Serafim
      

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